26 março 2009

Código (anti) ambiental de Santa Catarina






CÓDIGO (ANTI) AMBIENTAL DE SANTA CATARINA

Transcorridos pouco mais de três meses das catástrofes que assolaram o estado de Santa Catarina, em razão das fortes enxurradas e dos descuidos do homem com o meio ambiente, provocando enchentes de toda ordem, deslizamentos de encostas, dezenas de mortos e milhares de desabrigados, além de gigantescos prejuízos econômicos ao Estado, parece que a tragédia sensibilizou o Brasil e o Mundo, mas não a maioria dos deputados catarinenses, determinados que estão para a aprovação do Código Ambiental Estadual, PL 0238.0/2008, prevista para o próximo dia 31 de março na Assembléia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC).

Das inúmeras alterações realizadas pelo Governo do Estado à minuta inicialmente elaborada por representantes de diferentes segmentos da sociedade civil, entidades públicas e privadas, a mais grave e perigosa de todas as alterações, sem sombra de dúvidas, está na redução das matas ciliares situadas às margens dos cursos d’água, de 30 para 5 metros. A mobilização do setor produtivo, com o apoio explícito do Governo é enorme e bem articulada, confundindo significativamente a opinião pública. O argumento utilizado é o prejuízo econômico que as áreas de preservação permanente - APP's, situadas ao longo dos rios, ocasiona com a perda de área produtiva na pequena propriedade rural.

Segundo informações do Levantamento Agropecuário Catarinense – LAC, 89% das propriedades agrícolas catarinenses são minifúndios de até 50 hectares, representando aproximadamente 167.000 propriedades rurais distribuídas em solo catarinense. E o argumento é que uma parcela destes está sendo economicamente afetada pelas regras ambientais vigentes. Porém, o que poucos sabem é que, também segundo dados do LAC, dos aproximadamente 6.000.000 de hectares que servem à produção agrícola do Estado, 32,52% pertence a apenas 1,9% dos proprietários rurais, detentores de grandes latifúndios. Este dado deixa explícito que os principais interessados (e beneficiados) com a mudança legislativa não são os pequenos agricultores (que representam 45,68% da extensão fundiária), e sim os grandes.

Com a lei, toda a sociedade catarinense abdicará para sempre de boa parte deste importantíssimo bem ambiental que a todos pertence (as matas ciliares), cuja função prioritária está na preservação dos recursos hídricos, essencial à sobrevivência humana, renúncia esta que servirá, de forma especial, a uma minoria economicamente privilegiada. É justo que isso ocorra? O que poucos sabem, pasmem, é que o pequeno agricultor familiar, e somente ele, em vista do reconhecido interesse social da sua atividade, já possui autorização legal, pelo próprio Código Florestal (Lei nº 4.771/65) que se pretende revogar, para economicamente utilizar as áreas de preservação permanente, desde que o faça mediante um sistema de manejo agroflorestal sustentável. Na realidade, nem o Poder Executivo Estadual, nem o Setor Agroindustrial, em vista da redação do art. 115 do projeto de lei, demonstram empenho em contornar o problema pelo caminho da legalidade, estímulo à utilização responsável destas áreas ecologicamente importantes e geração de fontes alternativas de renda ao pequeno agricultor. Aliás, no sistema de integração é fato sabido que desinteressa às agroindústrias que os seus integrados tenham outras fontes de renda. A absoluta relação de dependência faz e sempre fez parte do negócio.

Também é importante que a população saiba que o Ministério Público, com razoabilidade e responsabilidade sócio-ambiental, de forma pontual, há anos, juntamente com a FATMA e outras entidades, mostra-se sensível à causa.O auxílio vem sendo prestado a milhares de pequenos agricultores com a facilitação da obtenção dos licenciamentos ambientais através de termos de ajustamento de condutas - TAC's, que vem sendo firmados e renovados com os diferentes setores produtivos (suinocultura, avicultura, rizicultura, fruticultura, dentre outros), voltados à regularização ambiental de situações consolidadas. Esses ajustes, em sua maioria, fixam a extensão das matas ciliares a serem protegidas em 10 metros, e não 30 como afirma o setor produtivo, mediante o cumprimento de outras exigências ambientais importantes, com especial destaque para o tratamento e destinação adequada dos resíduos da produção.

É revoltante que projetos de lei voltados a instituição de incentivos fiscais ecológicos, assim como outras iniciativas de estímulo à preservação ambiental e à sustentabilidade da própria atividade econômica continuem sem vez na Assembléia Legislativa. Se o Código Ambiental Estadual for aprovado com a atual redação, constituir-se-á numa aberração jurídica, eis que afrontará o Estado Constitucional de Direito em desrespeito às regras de competência previstas nas Constituições Federal e Estadual, como bem sabem os senhores Deputados, além de apresentar vício de legitimidade, eis que a sua redação atual não possui o amplo respaldo social, mas principalmente de um segmento, que é o setor produtivo. E afetará também, de forma direta, a geração presente, tornando-a ainda mais vulnerável às intempéries climáticas, estimulando a ocorrência de novas catástrofes, possivelmente com maior envergadura que as já ocorridas, considerando a importância das matas ciliares na contenção de enchentes em face das previsíveis enxurradas que estão por vir.

Acredito que ainda haja tempo para uma mobilização e forte reação social voltada à reversão do quadro grave que se anuncia e sensibilização de nossos representantes, dispensando complexas batalhas judiciais, desgastantes e custosas aos cofres públicos. Ou aguardemos, mais uma vez, as conseqüências catastróficas de nossa passividade.

* Luis Eduardo Souto é Promotor de Justiça e Coordenador-Geral do Centro de Apoio Operacional do Ministério Público de Santa Catarina.

** O artigo acima foi apresentado no seminário Ambientalis 2009, em Chapecó, entre 17 e 19 de março, na palestra Código Ambiental de Santa Catarina.

19 março 2009

CAMPANHA


A WSPA - Sociedade Mundial de Proteção Animal e o Instituto Ambiental Ecosul, definiram que a campanha de conscientização contra a farra boi de 2009 terá como tema a multa de em torno de R$ 1 milhão aplicada ao Estado de Santa Catarina por descumprimento do acórdão do STF.
Out-doors (modelo acima) serão expostos em pontos estratégicos da capital e da BR 101, chamando a atenção para o fato de que quando alguns desrespeitam as leis, toda a sociedade paga a conta.


Halem Guerra Nery
Instituto Ambiental Ecosul - Florianópolis/SC
Fone: 48-9969.4660

PENSAMENTO PARA O SÉCULO

Vejam o que Bakunin escreve no século 1814-1876 !!!!!

Parece hoje, em todos os níveis, em todos os partidos políticos, em todo os grupos humanos!


17 março 2009

O Pássaro Cativo


Armas, num galho de árvore, o alçapão
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada,
Gaiola dourada;

Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos e tudo.
Por que é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam.

Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:

"Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro

Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores
Sem precisar de ti!

Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola,
De haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde construído

De folhas secas, plácido, escondido.
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pombas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...
Quero voar! Voar!

Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar,
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição,
E a tua mão tremendo lhe abriria
A porta da prisão...

Olavo Bilac
Do livro: Poesias Infantis, Ed. Francisco Alves, 1929, RJ

16 março 2009

Movimento por um Código Ambiental Legal para SC

PELA VIDA!

Integre o movimento! Em dezembro de 2008 tivemos a oportunidade de sentir na pele que a união faz a força, quando a manifestação de várias instituições acerca do Projeto de Lei 0238/08, que institui o Código Estadual do Meio Ambiente para o estado de Santa Catarina e um abaixo-assinado entregue à Assembléia Legislativa, mostrou resultados. A votação do projeto foi adiada por três meses.

Mas para ter um Código Ambiental Legal, precisamos trabalhar mais um pouco. Muitas entidades e instituições se manifestaram favoravelmente a esse esforço. Por isso propomos a continuação do que foi feito em dezembro, através do MOVICAL.

Nesse sentido, convidmos você para fazer novamente parte deste esforço. Repasse para as suas redes, assine o abaixo-assinado, da mesma forma solicite aos dirigentes das entidades com que você possui vínculo, para que registrem e venham a integrar este movimento por um Código Ambiental Legal para o Estado de Santa Catarina.

Divulgue o site www.codigoambientallegal.org.br. Neste site você poderá ficar informado da agenda das ações que estão sendo realizadas.

Abaixo assinado em: http://www.codigoambientallegal.org.br/hp/index.php?secao=50

11 março 2009

PENSAMENTO DO MÊS

Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
DARCY RIBEIRO

10 março 2009

HERÓIS DA RESISTÊNCIA AMBIENTAL

Vida de ambientalista é um horror
Germano Woehl Jr. e Elza Nishimura Woehl

Quando eu e a Elza, minha esposa, decidimos comprar a propriedade rural em Guaramirim (SC), em 1994, hoje transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), denominada de RPPN Santuário Rã-bugio, procuramos construir boas relações de amizade com todos os moradores, sendo correspondidos com alguns, e tolerar ao extremo os crimes ambientais para não criarmos problemas. Tivemos que tolerar os furtos freqüentes de palmito, os caçadores, os traficantes de animais silvestres etc. Lembro-me do dia em que fomos nos apresentar para um dos vizinhos e observei na propriedade dele um viveiro com cerca de 50 saíras-de-sete-cores e saíras-militar e vários alçapões armados para qualquer lado que você olhasse. Obviamente, eles não sabiam que éramos defensores da natureza e fingimos que considerávamos normal aquela situação. Não agüentei ficar observando a agonia daquelas saíras se debatendo no viveiro e estraguei tudo: acabei me revelando ao final da visita. Com muita delicadeza, implorei para soltar as saíras e parar com a captura. Surpreso e meio desconfiado o vizinho respondeu: “Tá bom, o senhor tem razão, no Natal vou soltar todas”. No Natal? É que no Natal, dali a duas semanas, estava programada a vinda do filho de Joinville, que levaria as saíras para atender as encomendas naquela cidade. Eu fiquei sabendo disto depoisA nossa presença lá trouxe, com certeza, muita paz para a natureza. Logo após nossa chegada e a revelação, que não conseguimos esconder, de que tínhamos outros valores e defendíamos a natureza fez cessar o intenso movimento de caminhões com lenha nativa, carvão e madeira, os traficantes de animais silvestres (uma motociclista passava com freqüência com uma pilha de gaiolas e alçapões na garupa) e também silenciaram as motosserras. Chegamos a testemunhar toda esta movimentação durante as primeiras semanas que fincamos os pés lá, mas desapareceu subitamente logo após eu ter acabado com o tiroteio para matar as marrequinhas selvagens (Dendrocygna viduata). Todos os sábados, na parte da tarde, vinha um grupo de pessoas de Jaraguá do Sul (incluindo até empresários), em vários carros, e promoviam um grande tiroteio para matança de marrequinhas selvagens que habitam as imensas lagoas e banhados dos agricultores. Era um horror.

Certo dia, ao ouvir os tiros incessantes, eu não resisti e fui até lá, só de shorts e camiseta. Diante de uns 20 caras armados até os dentes eu disse: “mais um tiro aqui e eu vou chamar a polícia e colocar todos vocês na cadeia!”. Eu lembro da cena: os caras de cabeça abaixada e com as duas mãos na ponta do cano da espingarda com a coronha apoiada no solo, à frente, sem dizer uma só palavra, só me ouvindo falar. O mais importante é que eles respeitaram e nunca mais apareceram. Depois, descobri que tinha vizinhos que também abatiam as marrequinhas com tiros e passaram a mudar o método de captura: armando anzóis com milho. Matavam até as fêmeas no ninho (as mamães não fogem quando estão chocando).Pagamos um preço alto demais por devolver um pouco de paz para a natureza. Na verdade, nunca chegamos a denunciar ninguém pelos crimes ambientais, mas as hostilidades aumentavam a cada dia e o furto de palmito em nossa propriedade também não cessava. A coisa ferveu após a fiscalização ter pego em flagrante um grande desmatamento em áreas de restinga de interior (mata virgem), numa fazenda nas proximidades. Funcionários da fazenda e o capataz eram nossos vizinhos. Eu fui acusado de ser o denunciante porque havia visitado a fazenda (para conhecer aquele ecossistema) uns três dias antes de a fiscalização baixar lá.Praticavam tiro ao alvo com revólveres aos sábados e domingos de manhã numa casa ao lado da nossa (uns 50 metros). Nas madrugadas de sábado, paravam carros em frente de casa que buzinavam e os ocupantes faziam xingamentos. Eu lembro de um tatu que resolver viver durante meses no entorno de casa e às vezes freqüentava até a rua em frente. Já tinha virado mascote de todo mundo. Certo dia, encontramos o casco dele jogado na nossa calçada. Foi assado, comido e ainda fizeram a sacanagem de jogar o casco na nossa calçada para provocar.

Certa vez, num sábado de manhã, ao retornar do meio da mata, onde fui fotografar anfíbios, vejo uma viatura da polícia militar em frente de nossa casa. A Elza estava atendendo. Os policiais revelaram que foram acionados por uma moradora, muito desesperada, dizendo que eu estava querendo explodir a localidade inteira com uma poderosa bomba.A Elza, que sempre é muito calma, ficou furiosa naquele dia e exigiu que policiais revelassem quem foi que aplicou este trote e pediu para eles trouxessem esta pessoa diante de nós. Os policiais perceberam a verdade e foram buscá-la. Era uma moradora, a mulher de um dos funcionários da fazenda. Mas junto com ela vieram umas 30 pessoas, incluindo a família inteira do sujeito das saíras e dos principais suspeitos de furtarem nossos palmitos. Então, a Elza perguntou? Que mal fizemos a vocês? Após um longo silêncio, um deles respondeu: “Entregam todo mundo para a Polícia Ambiental” (que é uma divisão especializada da própria polícia militar). Espero que se um dia este pessoal precisar realmente da ajuda da polícia, ela tenha condições de atender tão prontamente como naquele dia.Após a polícia ter ido embora eles fizeram questão de passar em frente de casa dando gargalhadas, achando que tinham conseguido nos intimidar finalmente. Mas eles não sabiam que isso até nos estimulava a desenvolver com mais empenho ainda nosso projeto de educação ambiental para conscientização com as crianças e adolescentes. No meio de toda esta hostilidade, atendíamos 80 estudantes por dia nas trilhas interpretativas da RPPN. Eles atacavam mais nos finais de semana, quando eu estava lá. Creio que as escolas mandando todos estes alunos lá em casa para a gente ensinar que a natureza precisa ser preservada incomodava muito. Então, decidiram ser mais ousados. Tiveram a coragem de fazer um abaixo-assinado e entregaram no Fórum de Justiça da comarca de Guaramirim, com o propósito de nos expulsar dali, por meio da justiça. A imagem do cabeçalho pode ser vista neste artigo, cuja cópia eu obtive do próprio Fórum. Quem confeccionou este cabeçalho e coletou as assinaturas foi uma professora da rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul (SC), filha do funcionário da fazenda e da moradora que deu o trote na polícia militar (da bomba), que eu mencionei acima.


Cabeçalho do abaixo-assinado.
A pessoa que organizou e foi a primeira a assinar é professora da rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul (SC).

Afinal, deve ser crime estudar neste País.O mais chocante de tudo, é que nós conhecíamos apenas cinco das 45 pessoas que assinaram. Estávamos incomodando as pessoas que nem conhecíamos e nem elas reciprocamente. Depois, descobrimos que estas pessoas tinham algo em comum: quase todas eram infratores das leis ambientais (infratores e seus familiares), foram processados e multados antes ou depois de terem assinado a lista. Teve um que foi pego por furto de palmito em outra localidade, duas semanas após ter assinado. Era reincidente e tinha uma fábrica clandestina de palmito, onde usava água contaminada de esgoto doméstico (sanitário) para o preparo dos vidros. Como tiveram dificuldade em conseguir as assinaturas na localidade (a maioria se recusou a assinar) foram buscá-las até em outro município.É muito triste o fato que não tínhamos dado motivo para tanto ódio, pois até aquele momento nunca denunciamos ninguém pelos crimes ambientais. Os fiscais comentam que quando vão fazer a autuação, a primeira pergunta do infrator é sobre quem lhe denunciou. Numa das autuações de um loteamento irregular na nossa localidade, o infrator fez a seguinte pergunta para a fiscalização: “Quem me denunciou foi aquele cara das formigas?” No início, foi assim que eu fiquei conhecido após ter dito para alguém que as formigas em áreas preservadas não causam problemas, que são importantes e não se deve matá-las (com veneno). Esta declaração em defesa das formigas arruinou minha reputação.

Por falar em reputação, nossas placas de sinalização para indicar o acesso à RPPN Santuário Rã-bugio e facilitar a vida dos motoristas das centenas de ônibus com estudantes e carros particulares que atendemos eram frequentemente depredadas. Não duravam nem uma semana. E eram placas bem caras e bem instaladas em vários cruzamentos. E uma placa grande na BR-280 que indicava a entrada tinha ao lado uma placa para indicar também o acesso a uma casa de prostituição (boate), que são muito comuns ali. A nossa placa era apedrejada, arrebentada e derrubada, mas a placa da boate, não. Permanece intacta até hoje. Nesta boate já ocorrem assassinatos, flagraram várias vezes prostituição infantil, drogas e só foi fechada recentemente após uma grande apreensão de drogas. Obviamente que nunca passou pela cabeça de alguém fazer um abaixo-assinado para fechá-la. Isto a sociedade tolera, mas não uma RPPN que recebe estudantes para aprenderem a valorizar a natureza.Após recolocarmos oito vezes as cinco placas, desistimos delas As professoras e os motoristas geralmente reclamam muito da dificuldade de achar o caminho e sugerem: “Por que vocês não colocam placas para indicar o caminho?” Temos até constrangimento de contar a verdade sobre a reputação de quem defende a natureza e a nossa resposta costuma ser: “Nossa! Boa idéia! Nem tínhamos pensado nisso ainda”. Só falta eles dizerem: “Pô, até a boate que nem funciona mais tem placa...”.

Germano Woehl Jr.
09/03/2009